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Nada de novo na F-1.
Em Sochi, acordos não cumpridos e dobradinhas conhecidas.
Por Wagner Gonzalez
O estado-maior de uma escuderia sempre se reúne antes de uma largada para definir minúcias da estratégia a ser adotada na corrida prestes a começar. O elo mais fraco dessa cadeia está na solidão que o piloto desfruta dentro do cockpit e na liberdade que possui para se defender e para atacar seu principal adversário do grid: seu companheiro de equipe. Na medida que os resultados em jogo alcançam patamares mais altos e definem posições no campeonato, salários e status, artimanhas, surpresas e traições florescem em igual intensidade.
A atuação de Sebastian Vettel no último fim de semana foi a repetição de episódios tantas vezes já vistos, assim como a dobradinha da equipe Mercedes, resultado que não acontecia desde o GP da Grã-Bretanha deste ano. Ver o piloto alemão refutar ordens de equipe logo após ter assumido a liderança da prova ao tirar proveito da ajuda de Charles Leclerc é uma leitura clara que aquele piloto da Red Bull que não hesitava em jogar para fora da pista nomes como Mark Webber e Daniel Ricciardo está de volta.
O tetra-campeão sabe que a ameaça de seu reinado em Maranello jamais esteve tão ameaçado e não desperdiçará oportunidades em busca de manter um status já bastante questionável. Em sua segunda temporada na categoria o piloto monegasco já disputa o vice-campeonato contra Valtteri Bottas, disputa que já faz prever táticas e trapalhadas futuras de suas respectivas equipes.
Estrategista de primeira grandeza, o austríaco Toto Wolff certamente não hesitará em dar ao finlandês uma discreta mãozinha para garantir que ele faça a dobradinha com Lewis Hamilton no Mundial de Pilotos, atitude que ficará mais clara depois que o inglês tiver garantido o seu sexto título. Isso pode acontecer já em Suzuka, quando apenas Bottas pode se tornar o único piloto do grid em condições de supera-lo.
Sempre envolta em sua latinidade biológica, a Ferrari mantém suspense no que tange a consagrar Leclerc ou apoiar seu funcionário de salário mais alto. Enquanto isso, o novato aprende, a duras penas que, largada dada, não se pode confiar em acordos feitos na frente de testemunhas mesmo que todos vistam a mesma camisa. Precisa lembrar que há uma semana ele e o alemão declararam que a Ferrari estava acima de qualquer coisa? Tudo isso obriga o jovem monegasco a alternar seu foco entre superar Valtteri Bottas e se impor como primeiro piloto de fato dentro da Scuderia.
Tal cenário cria situações que envolvem outros nomes e pavimentam o caminho de ações táticas ainda protegidas dos olhos públicos. Não deixa de ser intrigante a atuação de Jos Verstappen nas últimas provas: o holandês há várias largadas priva seus fãs do seu arrojo e de suas manobras espetaculares. De maneira semelhante o progresso de Alex Albon segue crescendo: ele já mostra uma média de nove pontos por corrida, índice próximo aos 12,6 que Sebastian Vettel exibe até agora.
Posto que a próxima etapa do campeonato acontece no Japão na próxima semana, a Honda certamente dará uma contribuição extra para o anglo-tailandês repetir, ou ir além, seu melhor resultado da sua primeira temporada, o quinto lugar no GP da Bélgica.
O resultado completo do GP da Rússia e situação do Campeonato Mundial de Pilotos você encontra aqui.
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