Hora de pisar nos freios.

20190917-Coluna-Abre-MercCircuito montado em Cingapura é o mais exigente do ano em termos de desgaste dos freios.

Por Wagner Gonzalez

Para trás ficaram as provas europeias: a partir do GP de Cingapura, que acontece neste fim de semana no pequeno país encravado na costa sul da Malásia, a F-1 inicia uma relativamente curta volta ao mundo para encerrar a temporada. Após a Mercedes ter construído uma vantagem arrasadora no primeiro semestre, Ferrari e Red Bull parecem ter finalmente oferecer carros mais competitivos a seus pilotos. As duas vitórias consecutivas de Charles Leclerc, na Bélgica e na Itália, são alvo de alta expectativa, tal qual um renovado motor Honda instalado no chassi de Max Verstappen. O que dá liga a essa ansiedade é o fato que os 5.063 metros do traçado local formam o circuito mais exigente do ano em termos de desgaste dos freios: a cada volta os pilotos passam um quarto do tempo acionando os freios.

Lewis Hamilton, vencedor em 2018, segue folgado na liderança do campeonato (Mercedes)

Lewis Hamilton, vencedor em 2018, segue folgado na liderança do campeonato (Mercedes)

De acordo com a Brembo, fabricante que equipa a maioria dos dez chassis usados na categoria, nenhum dos demais 20 circuitos exige tanto, situação que já foi atenuada em 2009, um ano após a primeira edição do GP, em 2013 e em 2015, quando o desenho das curvas 11, 12 e 13 foram ligeiramente atenuados.

As tampas de bueiros e as faixas que coordenam o tráfego diário de veículos no dia-a-dia de Cingapura também diminuem significativamente a aderência ao asfalto local; além disso, uma sucessão de retas curtas e curvas de 90 graus impedem a melhor refrigeração dos discos de freios construídos em carbono.

Além da curva 7, o traçado de Cingapura tem outros dois pontos de freadas fortes em seus 5.063 metros (Brembo)

Além da curva 7, o traçado de Cingapura tem outros dois pontos de freadas fortes em seus 5.063 metros (Brembo)

Para ilustrar melhor as fortes reduções às quais os pilotos e carros são submetidos a cada volta basta citar a aproximação à curva 7, que contorna o parque dedicado às vítimas da II Guerra Mundial. Ali um monoposto chega ao ponto de freada a cerca de 335 km/h e 118 metros adiante está andando 128 km/h. Isso é pouco mais de um terço da velocidade inicial, consequência de 144 kg aplicados ao pedal do freio e uma desaceleração equivalente a 5.4 a força da gravidade. Outros dois pontos do circuito também caracterizam situações críticas nesse quesito.

Nas demais etapas do campeonato –  Abu Dhabi, Baku, Budapest e Mônaco  – exigem que o pedal de freio seja acionado 11 vezes por volta: em Cingapura esse índice sobe para 15. Em termos de tempo isso quer dizer 24 segundos por volta ou 25% do tempo, praticamente o dobro em relação a uma pista como Monza, onde a F-1 se apresentou há dois domingos e que é 730 metros mais longa. Em termos de velocidade média, o autódromo de Milão permite que os carros trafeguem em velocidade de 243,930 km/h (média registrada por Charles Leclerc) contra 166,577 do valor registrado por Lewis Hamilton, ganhador em Cingapura 2018.

Charles Leclerc (centro) tenta a terceira vitória consecutiva após ganhar em Monza e em Spa (Ferrari)

Charles Leclerc (centro) tenta a terceira vitória consecutiva após ganhar em Monza e em Spa (Ferrari)

Mas não são apenas curvas de quarteirão, bueiros e faixas pintadas no asfalto que determinam essa velocidade média. Com raras áreas de escape, guard-rails próximos à pista e muitas curvas cegas devido às barreiras de proteção, os toques entre carros são mais que esperados e em uma temporada marcada por disputas cada vez mais intensas entre nomes consagrados, em vias e em busca da consagração, este ano eles serão inevitáveis.

Kevin Magnussen (20) tem mais chances de permanecer na equipe Haas que Romain Grosjean (Haas)

Kevin Magnussen (20) tem mais chances de permanecer na equipe Haas que Romain Grosjean (Haas)

Tal cenário vai ajudar sobremaneira a definir a formação de equipes para 2020, o que afeta diretamente Romain Grosjean, Kevin Magnussen e Alexander Albon, para mencionar três nomes em situações diferentes. Grosjean parece destinado a ser desligado da Haas, consequência da alternância irregular de muitos acidentes e poucos bons resultados; Magnussen, da mesma equipe, está em situação de alto risco pelo envolvimento em situações de risco, muitas delas desnecessárias. Num cenário otimista, Albon torce que o rendimento surpreendente que demonstra em sua primeira temporada na categoria o confirme para continuar ao lado de Max Verstappen.

 

Faixas pintadas no piso, barreiras próximas à pista e curvas cegas são obstáculos extras no circuito (Mercedes)

Faixas pintadas no piso, barreiras próximas à pista e curvas cegas são obstáculos extras no circuito (Mercedes)

Os horários para os treinos e corridas para o GP de Cingapura são os seguintes, sempre pelo horário de Brasília: sexta-feira, treino Livre 1: das 05h30 às 07h00; Treino Livre 2: das 09h30 às 11h00. Sábado, treino Livre 3: das 07h00 às 08h00; classificação: das 10h00 às 11h00. Domingo: largada às 09h10. Após Cingapura o circo da F-1 viaja para a Rússia (Sochi, 29 de setembro), Japão (Suzuka, 13 de outubro), México (Cidade do México, 27 de outubro), Estados Unidos (Austin, 3 de novembro), Brasil (Interlagos, 17 de novembro) e Abu Dhabi (Yas Marina, 1ode dezembro).

Nenhum comentário ainda.

Você precisa se registrar para deixar um comentário.