Verão europeu dá cor pálida ao futuro da F-1.

20190820-COLUNA-GASFaíscas do GP da Hungria ainda não incandesceram grandes mudancas para 2020

Por Wagner Gonzalez

 

 

 

Exceção feita à equipe McLaren, as demais nove equipes que formam o grid do Campeonato Mundial de F-1 seguem numa toada discreta para definir seus pilotos para 2020, quando tudo indica que a temporada terá 22 GPs, um a mais que este ano. No universo pilotos o processo está girando em torno da opção que Toto Wolff escolherá para o segundo carro da Mercedes, enquanto a entrada dos GPs da Holanda e do Vietnam são os acréscimos que causam importantes discussões entre a Liberty Media, que explora o lado comercial da categoria, e as escuderias.

Carlos Sainz Jr. e Lando Norris seguem na McLaren, que se recupera de anos de fracassos (McLaren)

Carlos Sainz Jr. e Lando Norris seguem na McLaren, que se recupera de anos de fracassos (McLaren)

Em pleno processo de reestruturação a McLaren optou por reforçar um clima de segurança e tranquilidade e antecipou-se aos seus concorrentes ao anunciar que vai continuar com seus pilotos Carlos Sainz e Lando Norris para 2020. Trata-se de uma sensação que nomes como Valteri Bottas, Nico Hulkenberg, Romain Grosjean, Kevin Magnussen, Antonio Giovinazzi, George Russell e Robert Kubica, sem deixar de lado a possibilidade de alguns confirmados mudarem de status.

Valtteri Bottas parece ter a chave para definir as principais vagas em aberto para a 2020 (Mercedes)

Valtteri Bottas parece ter a chave para definir as principais vagas em aberto para a 2020 (Mercedes)

De todos os nomes acima é Valtteri Bottas quem vai definir o rumo da maioria das negociações. Ao desembarcar na F-1 o finlandês trazia consigo um manto que o vestia como sucessor de Kimi Räikkönen e como futuro campeão; o destino não ajudou muito e hoje ele está em uma encruzilhada. Há duas temporadas faz bem feito o papel de coadjuvante de um Lewis Hamilton a caminho de bater todos os recordes da categoria e paga o alto preço de anular suas pretensões. Este ano até pintou uma chance de inverter os papéis parcialmente, mas após seis GPs tudo voltou ao que era antes e, para piorar, o nome de Estebán Ocón passou a soar mais frequentemente nas declarações de Toto Wolf.

Estebán Ocón: grandes chances de ser o novo companheiro de Lewis Hamilton em 2020 (Mercedes)

Estebán Ocón: grandes chances de ser o novo companheiro de Lewis Hamilton em 2020 (Mercedes)

Ocón, francês e filho de um casal catalão, tem a seu favor o lado fato de ser jovem e empresariado pelo próprio Wolf; em outras palavras teria um ano de aprendizado para desenvolver seu potencial e substituir Hamilton quando o inglês optar por retirar-se das pistas, algo previsto para 2021, no máximo 2022. Em uma organização tão cartesiana quanto a da Mercedes esta opção soa bem melhor que arriscar ficar com Bottas mais um ano e retardar o desenvolvimento do substituto do atual campeão e primeiro piloto do time.

Os caminhos para Bottas e Ocón são bastante similares e o nome Renault é o que aprece em maior destaque. A esquadra francesa manterá Daniel Ricciardo por mais um ano e precisa decidir o que fará com Nico Hulkenberg, nome já marcado pelo estigma de ter ser o piloto com maior número de GPs disputados sem jamais ter subido ao pódio de uma corrida. Confiável, mas sem a agressividade que falta para um vencedor, o alemão tem boas chances de perder seu lugar para Bottas ou mesmo para Ocón. A chance de promover algum piloto de categorias inferiores para novo companheiro de Ricciardo é relativamente remota.

Nico Hulkenberg ainda não tem claro o que o futuro lhe reserva para 2020 (Renault)

Nico Hulkenberg ainda não tem claro o que o futuro lhe reserva para 2020 (Renault)

Em situação bem pior que a Renault está norte-americana Haas, que até agora insistiu na continuidade para superar a relação “fogo (não tão) amigo” entre o franco-suíço Romain Grosjean e o dinamarquês Kevin Magnussen. Grosjean tem um currículo marcado por muitos momentos dramáticos e algumas raras sequências de bons resultados, a mais longa delas em seus tempos de Lotus. Magnussen não está longe de ser descrito como um viking que conduz sua embarcação com a fúria que Thor manejava seu martelo. E nessa toada Gene Haas vai acumulando prejuízos financeiros e seu chefe de equipe Gunther Steiner uma úlcera do tamanho do mar Mediterrâneo.  Candidatos para essas vagas são Bottas, Hulkenberg e até mesmo um jovem egresso da Ferrari Academy, o que pode entrar como moeda de troca para manter o bom relacionamento com seu fornecedor de motores e tecnologia. Pietro Fittipaldi pode ser a surpresa: tem feito testes pela Haas e sua ligação com a Claro pode ajudar a trazer um bom patrocínio.

Gunther Steiner (ao centro) deve definir até setembro se mantém Grosjean (E) e Magnussen (D) (Haas)

Gunther Steiner (ao centro) deve definir até setembro se mantém Grosjean (E) e Magnussen (D) (Haas)

A vaga da Haas também poderia ser o destino de Antonio Giovinazzi, que ainda não desencantou na categoria, apesar do esforço da Alfa Romeo em confirmá-lo para esta temporada. Não parece ser uma boa aposta colocar fichas na continuidade dessa união e ainda não está muito clara a profundidade dos alicerces da associação entre a marca italiana e a própria Sauber.

Gene Haas amarga temporadas de prejuízo, cortesia da impetuosidade de seus pilotos atuais (Haas)

Gene Haas amarga temporadas de prejuízo, cortesia da impetuosidade de seus pilotos atuais (Haas)

Como é normal acontecer com as equipes que fecham o pelotão, o futuro da Williams tem excelentes chances de ser definido aos 48’ do segundo tempo e com uso do VAR. Sem resultados e assombrada pela possibilidade de ver seu contrato com a Mercedes reavaliado, o time de Grove atravessa uma das suas piores temporadas desde que Frank Williams se aventurou na categoria. Robert Kubica já é considerado carta fora do baralho para o grid de 2020; George Russell é um nome que tem respeito de alguns chefes de equipe e deve continuar na lista de inscritos, não necessariamente na sua equipe atual.

Com relação ao calendário a confirmação do GP do México coloca em risco o GP da Alemanha, evento que há alguns anos dá prejuízo ao ADAC, o Automóvel Clube Alemão, responsável pela sua promoção. Nos últimos dias a Mercedes anunciou que não pretende bancar novamente a corrida, tal qual fez este ano, decisão que coloca a continuidade da corrida em situação delicada. Outra corrida em cheque para o ano que vem é o GP da Espanha, que não deverá contar com o apoio econômico das autoridades da Catalunha.

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