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Os caminhos alternativos da F-E.
Categoria de elétricos atrai fabricantes e usa pistas peculiares.
Por Wagner Gonzalez
Não bastasse a forma alternativa de energia, a F-E, categoria que usa monopostos movidos por motores elétricos, lançou sua quinta temporada confirmando o interesse cada vez maior de grandes fabricantes e usando circuitos que impressionam pela pista estreita (foto de abertura), curvas cegas e verdadeiros túneis formados por enormes cartazes de publicidade. A vitória na primeira etapa foi do português António Felix da Costa, da equipe BMW-Andretti Motorsport; os brasileiros Lucas Di Grassi e Nelsinho Piquet terminaram em nono e décimo lugares, respectivamente. Felipe Massa, estreante na categoria, não pontuou.
Reflexo da demanda cada vez maior por fontes alternativas de energia, o crescimento da F-E já impõe limites focados na contenção de custos: a partir deste ano os boxes de cada equipe de dois carros não pode ter mais de 20 técnicos, engenheiros e pessoal de apoio. Dentro de casa, porém, esse número dobra nas bases dos grandes times ou nas empresas associadas que prestam assessoria técnica: a Jaguar, por exemplo, mantém um número semelhante na Williams, que fornece tecnologia ao time de Nelsinho Piquet.
Além da marca inglesa, hoje controlada pelo grupo indiano Tata, Audi, BMW, DS (marca de luxo do grupo PSA), Mercedes e Nissan estão associadas a organizações com ampla experiência em competição. A Mercedes tem a participação indireta de Toto Wolff: é sua esposa Suzy Wolff quem comanda a Venturi, equipe baseada em Mônaco, e só entrará oficialmente na categoria na temporada 2019/2020, a exemplo da Porsche, que optou por um caminho diferente. O programa de competição da marca na F-E está incluído no orçamento de € 6 bilhões do seu programa voltado às áreas elétrica e digital e que gerou 1.500 novos empregos.
O primeiro produto comercial que deve sair desse investimento é o Taycan, cuja tecnologia de motor híbrido é baseada no Porsche 919, carro que venceu três edições das 24 Horas de Le Mans. Confiante na sua experiência e tradição, a marca optou por comprar um chassi Gen2 a ser entregue em sua pista de provas em Weissach para desenvolver itens como trem de força (motor elétrico, inversor, transmissão, diferencial, semieixos) suspensão do eixo traseiro, sistema de resfriamento e unidade de controle eletrônico (ECU), itens liberados para preparação. O restante do chassi e a bateria são padronizadas e usadas por todos os concorrentes. O piloto escolhido para o programa de desenvolvimento do Porsche de F-E foi o suíço Neel Jani, campeão mundial de resistência em 2016, ano em que também venceu as 24 Horas de Le Mans.
Se as fábricas investem cada vez mais pesado, as características de cada circuito ainda mostram um padrão bastante diferente em relação aos cada vez mais sofisticados autódromos construídos para a F-1. Por questões técnicas e promocionais as pistas da F-E são praticamente planas, montadas no centro de cidades (a única exceção é a etapa mexicana, disputada no autódromo Hermanos Rodriguez), têm curvas fechadas e raramente utilizam pistas de largura semelhante às encontradas em traçados permanentes. Tudo isso para causar o menor distúrbio ao trânsito das cidades que compõem o calendário e facilitar a recarga de energia dos motores elétricos, que é mais intensa nas freadas.
Junte-se a essas demandas a instalação de cartazes publicitários em boa parte do circuito e tem-se um cenário que seria rejeitado por inúmeras categorias, até mesmo com carros mais lentos. Traçados semelhantes que foram usados recentemente pela Stock Car brasileira, como Ribeirão Preto (SP) e Salvador (BA), foram classificados como impróprios e acidentes que aconteceram durante as provas diminuíram o impacto do evento.
Em Ad Diriyah ocorreram algumas disputas mais acirradas, uma delas entre Di Grassi e Piquet Jr, e até mesmo uma prova para o troféu Jaguar, onde Sérgio Jimenez ficou em segundo e Cacá Bueno em quarto, vitória de Simon Evans. Quem sabe o circo da F-E possa um dia vir ao Brasil e mostrar que circuitos de rua ainda são uma opção para reaproximar o automobilismo brasileiro do grande público. Falando em público, a programação do evento incluiu a realização de três concertos (quinta, sexta e sábado) em praça pública e no domingo várias equipes abriram espaço para que algumas mulheres testassem os carros.
A classificação dos dez primeiros colocados na etapa da F-E em Ad Diriyah, Arábia Saudita, foi a seguinte:
1) António Felix da Costa, BMW i Andretti Motorsport, 46’29”377 (28 pontos);
2) Jean-Eric Vergne, DS Techeetah, a 0”462s (18);
3) Jerome D’Ambrosio, Mahindra Racing, a 4”033s (15);
4) Mitch Evans, Panasonic Jaguar Racing, +5.383s (12);
5) Andre Lotterer, DS Tecchtah, a 5”579s (11);
6) Sebastien Buemi, Nissan e.dams, a 6”625s (8);
7) Oliver Rowland, Nissan e.dams, a 9”105s (6);
8) Daniel Abt, Audi Sport ABT Schaeffler, a 9”819s (4);
9) Lucas di Grassi, Audi Sport ABT Schaeffler, a 10”936s (2);
10) Nelson Piquet Jr., Panasonic Jaguar Racing, a 11”564s (1).
Entre parêntesis a pontuação no campeonato que prossegue dia 12 de janeiro, Marraquech, Marrocos.
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